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Como Deus Salvou Duas Crianças
Vamos entreter os nossos pequenos leitores, contando-lhes uma história verídica, de duas crianças que foram maravilhosamente salvas da grande enchente ocorrida no vale de Willamette, em Oregão.
Por uma tarde acudia à de Nettie e Maria Sanborn o tio G ..., trazendo-lhes a triste nova de que a tia enfermara gravemente e talvez não vivesse até o dia seguinte.
A mãe de Nattie e Maria emalou à pressa algumas coisas de que precisava, e depois de haver lembrado à filha mais velha que deixava na dispensa pão e e leite em quantidade suficiente para elas passarem aquela tarde e o dia seguinte, exortou-as a serem boas durante a sua ausência, e, despedindo-se delas, disse: "Adeus, minhas filhas, Deus vos há de proteger até que eu volte."
Nettie aspirava a ser uma boa menina, como dizia a mamãe, porém, mal pôde conter as lágrimas quando viu desaparecer o carro numa volta do caminho. Notando, porém, as lágrimas da pequena Maria, reprimiu-se e dispôs-se a consolar a irmãzinha.
- Não chores, Mariazinha, Deus nos há de proteger.Vem, tratemos de nossa galinha e de nossos pintinhos e de noite iremos na cama de mamãe.
Tanto bastou para que Maria se consolasse e, tomando a mão de sua irmã mais velha, saíram ambas em direção ao galinheiro, onde distribuíram abundantes grãos aos seus queridos entesinhos. Depois de mais algumas voltas pelo quintal volveram à casa à noitinha, onde Nettie, acendendo o lume, preparou a refeição, que se compunha de pão e leite. Satisfeitas as exigências do estômago, ajoelharam-se ambas, encomendando-se a Deus, e em seguida subiram ao grande e alvo leito da mamãe, onde, aconchegadinhas como dois gatinhos, logo depois adormeceram.
Alta hora da noite Nettie foi despertada por um ruído estranho, semelhante ao rumor de grandes águas. Desentranhando-se dos cobertores, ascendeu a vela e saiu em direção à porta, a fim de verificar o que era. Mas qual não foi o seu espanto, quando, entreabrindo a porta, viu toda a área do quintal transformada num imenso lago.
- Oh! oh! exclamou, transida de terror; que devo eu fazer? É o rio que transbordou! Lembrando-se, porém, imediatamente de Maria, ocorreu-lhe subir com ela ao sótão, onde as águas provavelmente não chegariam.
Entretanto a enchente ia fazendo os seus progressos. Nettie, tomando um cobertor e travesseiro, galgou o sótão, voltando depois para buscar Maria, que, ao ouvir o rugido das águas lançou assustados gritos, sendo, porém, pacificada por sua irmã, que lhe dizia que não tivesse medo, que Deus as havia de proteger.
Veio então à lembrança de Nettie que, se aquela situação se prolongasse, lhes seria necessário algum alimento. Desceu, pois, outra vez e, entrando destemidamente na água, que já havia invadido a casa, dirigiu-se à despensa, de onde tirou uma vasilha com leite, que levou para cima. Mia uma vez teve de voltar para buscar o pão e uma colher e já a água lhe ia pelos joelhos.
A pequena Maria não tardou a conciliar de novo o sono; Nettie, porém, não podia dormir. Pôs-se a observar atentamente a água, que ia constantemente em aumento, até que penetrou na cama da mamãe e apagou a luz. Continuou depois a escutar o ruído da enchente dentro e fora de casa; por fim, o seu pequeno coração não pode mais conter-se e, cheia de angústia, pediu a Deus que a salvasse. E o Senhor, em deferimento à sua súplica, consolou-a, lembrando-lhe a promessa que muitas vezes ouvira ler à sua mãe: "Quando tu passares pelas águas, Eu serei contigo, e os rios não te submergirão." Repetindo a consoladora promessa, Nettie aguardava o alvorecer do dia, que lhe havia de trazer a almejada salvação.
Ao raiar da aurora Nettie correu a espreitar através de uma pequena fresta do oitão e viu que tudo estava transformado num oceano, sobressaindo apenas as copas das árvores e os telhados das casas. Através do crepúsculo, porém, divisava-se uma embarcação a vapor que vinha em direção ao local para receber as pessoas que se haviam refugiado nos telhados e sótãos. Na tolda da embarcação ia uma mulher, que, movendo-se inquieta de um lado para outro, ora chorava, ora orava. Próximo das casas a marinhagem arriou um bote que dirigido por dois homens sacudidos, singrou para o lado da casa em que se encontravam Nettie e Maria. Ao aproximarem-se da mesma um deles disse:
- Aqui já não está ninguém.
- Não, volveu o outro, a casa não tarda a ruir pois já vacila.
- Mas, ouça! que é isso?
O som de uma voz infantil feriu-lhes o ouvido:
"Jesus, Senhor, meu Redentor,
Em Ti procuro abrigo;
Avulta a enchente em derredor
Jesus, sê Tu comigo."
Em Ti procuro abrigo;
Avulta a enchente em derredor
Jesus, sê Tu comigo."
- Foi Jesus que mandou os senhores buscar-nos? perguntou Nettie, quando dois braços vigorosos delas se apoderaram para as recolher no bote.
A fé singela da pequena menina comoveu o coração do rude marinheiro, que aliás, não acreditava em Deus.
- Sim, minha filha, respondeu; mais um momento e teria sido tarde. Eis aí! Lá vai a casa!
Minutos depois eram recolhidas a bordo da embarcação, onde a mãe, com grande alegria e ações de graças, as estreitou nos braços.
Considerem, caros meninos, como Deus cuida dos que Nêle confiam e como ouve as orações nos maiores perigos.
Decorem este belo versículo, que também é uma promessa de Deus para todos vocês: "Invoca-Me no dia da angústia, e Eu te ajudarei."
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